Como ajudar o seu filho a dormir nas férias do Natal?

Como ajudar o seu filho a dormir nas férias do Natal

Muitos pais, nesta época de festas, viagens, visitas da famílias, almoçaradas, jantaradas, excitação para as crianças, questionam-me como manter o bom sono finalmente alcançado ou como não perturbar totalmente o sono dos mais pequenos.

É evidente que será mais difícil manter a rotina normal de sono durante a azáfama das festas, contudo ao tentar proporcionar o melhor descanso para as crianças, vai permitir que estas aproveitem estes momentos da melhor forma, evitando birras constantes. Creio que com algumas estratégias, é possível passar momentos inesquecíveis e de diversão em família e com os amigos, a par de proporcionar o descanso necessário às crianças:

1- Não é obrigatório, por alguns dias, ser prisioneiro da rotina.
Se os nossos filhos já têm uma rotina estável e dormem bem há algum tempo, não tendo problemas prévios de sono, podemos permitir que a brincadeira antes de dormir se estenda um pouco mais. Quando, na maior parte das vezes, estamos a atingir as necessidades básicas do sono, as sestas ocasionais perdidas ou a hora de dormir podem não afectar muito os nossos pequeninos. Assim, se algumas semanas antes das férias o sono é uma prioridade, será mais fácil para a criança lidar com menos horas de sono durante as festas.
Para as crianças que recentemente estão a modificar padrões de sono e estão a aprender a dormir melhor, é muito importante manter rotinas, senão não se pode esperar progressos ou até podem existir retrocessos, caso a rotina e o plano de melhoria de sono não for respeitado. Não se deve iniciar processos de melhoria do comportamento face ao sono em alturas que não é possível manter a consistência. Quando for possível manter rotinas, o melhor ambiente de sono e as estratégias definidas, voltam as mãos à obra!

2- Levar objectos/reproduzir ambiente familiar do sono
Quando fizer a mala de viagem ou a mochila para estar algum tempo fora de casa, não se esqueça de levar os objectos que fazem parte da rotina de sono do seu filho, como bonecos, dou dous, chupeta, livros, músicas, saco cama, almofada… Assim tanto para fazer uma sesta ou para dormir à noite fora de casa, a criança se sentirá mais confortável e conseguirá mais facilmente dormir bem.
Pratique a rotina de ir para a cama de forma consistente, reproduzindo-a onde quer que esteja e sempre que puder, tanto nas sestas como à noite. Se em casa, costuma ler sempre a mesma história antes de dormir, leve consigo essa história e reproduza a mesma rotina tal como em casa. Ao guiar a criança para a mesma sequência de eventos antes de dormir, vai permitir à criança maior sentido de conforto e segurança, preparando-a para dormir onde quer que esteja. Ah, nos hotéis não costuma ser fácil manter o escuro tal como em casa, pois não costumam existir persianas, o que pode provocar um despertar mais cedo. Como evitar que isto aconteça? Pode colocar a cama da criança o mais longe possível da entrada de luz, pode colocar uma cadeira contra o cortinado nas laterais, de forma a evitar que entre tanta luz ou pode motivá-la a usar uma venda para dormir (existem umas muito giras com desenhos).

3- Evite sobreestimular os bebés com demasiados estímulos e actividades.
Bebés demasiado cansados vão ter mais dificuldade em adormecer e podem ter mais despertares à noite, por isso não planeei actividades demais. Tente proporcionar vários momentos de descanso, mesmo em movimento no carrinho, no carro…
Tente respeitar os horários de dormir à noite e durante o dia. Se o bebé dormir bem no carrinho por exemplo, não há problema em fazer algumas sestas na rua enquanto todos passeiam, mas cuidado para não exagerar e fazer todas as sestas na rua, porque se o bebé não descansar o suficiente e dormir em lugares muito agitados, a qualidade de sono não será a mesma! No final, a noite pode ser difícil!

4- Evitar demasiadas birras com demasiada descarga emocional.
Há crianças que facilmente ficam muito cansadas. Esteja atento ao comportamento da criança, ao excesso de excitação, birras que pode indicar demasiado cansaço. Se for o caso, retire a criança do ambiente estimulante, explique aos presentes que a criança precisa de descansar e leve-a para um sítio mais calmo, onde possa descansar.
Antes de dormir, é importante ter pelo menos 30 minutos num ambiente mais tranquilo e sugira alguma actividade mais serena para que a criança se prepare para descansar. É normal que com a mudança de rotina, de ambiente e o contacto com novas coisas nestes dias de festa, provoquem mais dificuldade em adormecer e o seu papel é ajudar, tentando não introduzir demasiados novos hábitos que sejam difíceis de retirar posteriormente.

5- Divirta-se e evite momentos de stress!
Explique aos seus familiares e amigos que viajam ou que estão consigo nestas festas que você não é “chata” ou “exageradamente cuidadosa” com os horários do bebé, mas sim que os bebés têm necessidades de sono diferentes dos adultos e mesmo que a mudança de rotina seja passageira, o bebé pode ficar demasiado exausto e ser complicado para todos gerir o choro e a sua impertinência. Se eles insistirem em não “entender”, faça o que for melhor para si e para o seu bebé. Não vale a pena discutir com ninguém, apenas faça o que acha mais certo e não se culpe! Tenha confiança no que considera o mais correcto, até porque a mãe é você!
Tenha um excelente Natal e passagem de ano com a sua família e amigos e não stresse com todas as regras do sono. Mesmo os hábitos menos positivos, adquiridos nestes dias, podem ser removidos quando se volta à rotina normal, por isso não vale a pena criar batalhas nestes momentos, até que por pais stressados, filhos stressados e tudo se torna mais difícil! Divirta-se e aproveite estar com os seus filhos, família e amigos da melhor forma possível!

Boas Festas!

Quando acabar com a sesta?

Quando acabar com a sesta?

Um dos temas abordados na Consulta do Sono envolve as sestas e até quando a criança necessita de dormir a sesta. Alguns pais referem que a criança deixou de dormir a sesta com 3 anos, quando começou a frequentar o pré-escolar numa escola pública ou em alguns infantários que tomaram a mesma decisão. Outros referem que mesmo antes da criança deixar de dormir a sesta na escola, já não dormia a sesta ao fim-de-semana. E a conclusão dos pais, na maioria das vezes, é que não foi benéfico para a criança! Até mesmo quando não associam uma coisa à outra, quando os faço pensar sobre isso, concluímos que começaram a surgir maiores resistências para adormecer à noite e despertares nocturnos, a partir do momento que a criança deixou de dormir a sesta no infantário (antes dos 4/5 anos).

Muito recentemente, a 1 de Junho de 2017, a Sociedade Portuguesa de Pediatria veio apresentar as suas recomendações acerca da sesta nas creches, infantários, públicos ou privados e a recomendação chave é clara: A sesta deverá ser facilitada e promovida nas crianças até aos 5/6 anos de idade”.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria afirma ainda que “a privação da sesta e a não realização do total de horas de sono diárias são uma problemática frequente na prática clínica e motivo de preocupação para os pediatras e médicos de família assim como para as respectivas famílias”.

As crianças têm, como é óbvio, as suas características individuais e podem apresentar diferenças de necessidade de sono diário, principalmente a partir dos 4 anos, além de que o tempo total de sono nocturno irá influenciar a duração da sesta e, até a partir desta fase, a necessidade de a realizar. Como podemos saber se a criança está pronta para deixar de dormir a sesta? Ao avaliar estes indicadores:

– Quando existe uma resistência prolongada na hora de adormecer à noite, porque não está cansada (esta questão tem que ser bem avaliada, pois se a criança estiver muito cansada a resistência para adormecer também é maior, pela dificuldade em se acalmar, relaxar para adormecer e pode não ter sinais de sono);
– Apresenta despertares nocturnos ou acorda muito mais cedo de manhã em comparação com a rotina prévia (aqui também temos o reverso da moeda, ou seja, uma criança em privação de sono também pode ter tendência em despertar mais durante a noite, tal como referi anteriormente);
– Incapacidade em adormecer durante o período inicial de 30 a 40 minutos de sesta;
– Tem a capacidade de passar todo o dia acordada com a preservação da atenção, humor e actividade sem necessidade de ter uma sesta.

Nem todas as crianças apresentam as mesmas alterações, em resultado de estarem a dormir menos do que necessitam ou quando deixam de dormir de todo a sesta. Contudo, sabendo o impacto do sono insuficiente em vários problemas comportamentais e fisiológicos, a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda que a possibilidade de fazer a sesta deve ser implementada até à idade escolar, devendo ser as necessidades de sono individuais tidas em conta. Desta forma as suas orientações são no sentido de:
1- Devem ser proporcionadas as condições adequadas (leito/colchão, ambiente clamo, escuro, com temperatura adequada, limitação de ruído e com vigilância) a todas as crianças em idade pré-escolar a fim de assegurar a qualidade do sono da sesta.
2- Cada criança deve ter um plano individual de sesta, acordado com a família.
3- A sesta deve ser promovida pela educadora de infância na presença de manifestações de privação de sono ou necessidade de sesta pela criança.

Gostaria de acrescentar que, em casa, a criança também deveria ter acesso ao melhor ambiente para poder dormir a sesta e serem os pais a proporcioná-la, já que se a criança se mantiver em espaços de actividade, fora de casa, poderá não conseguir dormir, mantendo o estado alerta. Muitas vezes, não se trata de a criança não ter necessidade de dormir, pode é não haver o ambiente propício para relaxar e conseguir adormecer.

Se desejar saber mais sobre as recomendações da Sociedade Portuguesa de Pediatria sobre o sono diurno, deixo-lhe aqui o link.

Boas sestas! 🙂

Luz de Presença, sim ou não?

Luz de Presença - Sim ou Não?

Hoje vou falar sobre um tema que causa muita confusão para os pais e porque me parece, pelo que tenho assistido na consulta do sono que, actualmente, em muitas casas há sempre luz acesa durante a noite. E isso será bom?

“Qual a intensidade de luz que deve ser deixada no quarto do bebé? Há uma cor que favoreça o sono? O quarto deve estar escuro ou deve haver uma pequena luz?”

Estas são as questões às quais vos vou dar resposta. Hoje sabemos através de vários estudos recentes, que a exposição à luz durante a noite, não é benéfica para a saúde. A presença de luz à noite prejudica a qualidade do sono e afeta o funcionamento do nosso relógio biológico interno. A presença ou não de luz indica ao nosso corpo se é hora de acordar ou de dormir. À noite, quando deixa de haver luz solar, o nosso cérebro é informado de que é hora de produzir a melatonina, a hormona do sono, o que nos permite ficar sonolentos. Contudo, as luzes artificiais perturbam a avaliação do nosso organismo, relativamente ao momento em que se começa a produzir melatonina e que é altura de dormir. Temos que ajudar a melatonina funcionar para proporcionar aos nossos filhos que adormeçam tranquilos, além de que a luz acessa durante a noite aumenta a probabilidade de mais despertares nocturnos, já que estimula o cérebro a despertar.

Hoje sabemos que para todos dormirmos bem, o ambiente deve estar escuro, tão escuro que não se possa ver uma mão à frente. Então, perguntam vocês, como vamos fazer para cuidar do bebé durante a noite, às escuras? A luz necessária para cuidar do bebé durante a noite deve ser fraca e deve ser apagada quando os pais não estiverem no quarto a cuidar do bebé ou quando ele é colocado a dormir no mesmo quarto que os pais.

Segundo uma publicação da Harvard Medical School, de maio de 2012, a luz de qualquer cor afeta a produção de melatonina e atrapalha o sono, mas a luz azul, adequada para mantermo-nos alerta e aumentar a nossa concentração durante o dia, durante a noite prejudica mais o sono do que as outras cores.
Este estudo comparou 6 horas de exposição à luz azul e à luz verde com a mesma intensidade entre si e, concluiu que a luz azul é capaz de suprimir duas vezes mais a produção de melatonina que a luz verde.
A conclusão desta pesquisa mostrou que a melhor cor, ou aquela que menos afeta o nosso relógio biológico e a que menos interfere na produção da nossa hormona do sono, é a cor vermelha. Interessante não, é?

Mesmo antes de ir dormir, o ambiente lá em casa, pelo menos 30 minutos antes, deve ser com luz pouco intensa, para preparar as crianças para relaxar. Além de perturbar o nosso organismo com mensagens contraditórias se realmente é hora de dormir, a luz permite às crianças ver o que está no seu quarto e estimula a manter a brincadeira, tendo maior dificuldade em carregar no “off”.

Se o seu filho está habituado a dormir com luz, o ideal não é apagar bruscamente, mas sim diminuir aos poucos a intensidade dessa luz e até passá-la, posteriormente para fora do quarto. No caso das crianças que já se levantam para ir fazer xixi, aconselho dar uma lanterna pequena com pouca luz que a criança pode acender se precisar.
Ah e, nem sempre a luz resolve os medos! Por vezes, pode aumentá-los pelo efeito sombra que a luz provoca: um ursinho inofensivo pode tornar-se um monstro gigante através da sua sombra. Desta forma, devemos avaliar se a utilização da luz é mesmo necessária, pois é mais desvantajoso um ambiente de luz (por mais ténue que seja) para o sono, do que um ambiente sem luz.

Bons soninhos!

O Soninho do Bebé Prematuro

O Soninho do Bebé Prematuro

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade e os números são alarmantes: mais de um em cada dez nascimentos acontecem antes das 37 semanas de gestação. Estes bebés podem sofrer complicações variadas decorrentes da sua prematuridade e o sono também pode ser afectado.

Os estudos nesta área têm concluído que os bebés prematuros têm mais problemas de sono que os bebés com tempo normal de gestação, bem como risco aumentado de respiração anormal durante o sono. Este risco aumenta conforme o maior grau de prematuridade do bebé. Os bebés prematuros desenvolvem ciclos de sono-vigília de forma diferente dos bebés de termo, pois a maturação do sono está relacionada com o tempo desde o nascimento e a idade gestacional.
Um bebé que nasce de termo fica cerca de 15-20 minutos em sono profundo e 65-70 minutos em sono leve. Um prematuro, no início de sua vida, pode ficar apenas 2-5 minutos em sono profundo antes de voltar para o sono leve e é nesta fase que passa a maior parte do seu tempo. Desta forma um prematuro dorme mais que um bebé de termo, diminuindo as oportunidades de interacção com a família e dificultando a amamentação.
Mesmo quando completam 40 semanas de idade corrigida, os bebés prematuros ainda não ficam o mesmo tempo que bebés de termo no estágio de sono profundo, além de que despertam mais vezes durante a noite, levando também mais tempo para dormir a noite inteira, mesmo tendo em conta a idade cronológica corrigida. No entanto, se os devidos cuidados com iluminação, som e manuseio forem tomados no período da noite na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e, posteriormente em casa, a adequação do padrão de sono do prematuro tende a progredir mais rápido. E quais são estes cuidados? Basicamente tudo o que permite reproduzir o ambiente uterino, nos primeiros tempos de vida, ajudará o bebé a relaxar e a dormir melhor:
– Ser enrolado e criar uma espécie de “ninho”, à sua volta, reproduzindo a contenção do útero materno;
– Usar ruídos brancos, sons semelhantes ao que existe no útero materno;
– Muito colo e embalo, principalmente na posição de lado ou barriga para baixo, o que ajuda a conter os membros do bebé e a que o bebé se sinta mais seguro, pois estando ao colo de barriga para cima, fá-lo sentir que pode cair mais facilmente;
– Oferecer maminha ou chupeta para sugar;
– Dormir com luz durante o dia (atenção a luz não deve bater de forma intensa nos olhinhos do bebé) e escuro durante a noite (mesmo escuro, apague luzes de presença enquanto o bebé dorme).

Bons soninhos!

O seu filho tem pesadelos ou terrores nocturnos?

Terrores Nocturnos & Pesadelos das Crianças

Estes episódios durante a noite podem ser realmente assustadores para filhos e pais. Muitos pais com bebés pequenos costumam perguntar-me se acho que os despertares se devem a terem pesadelos. Nem sempre a resposta pode ser tão concreta e parece-me que utilizamos esta justificação para os despertares muitas vezes, quando não se aplica. Por isso, para começar gostava de vos informar sobre a diferença entre terrores nocturnos e pesadelos e, acima de tudo, referir que é mais fácil perceber a diferença se vos explicar que num terror nocturno, a criança está num estado semelhante ao sonambulismo, não estando acordada. Além disso, apesar de os bebés também sonharem, os pesadelos são típicos a partir dos 2 anos, quando se inicia uma estruturação cerebral muito complexa e a fantasia é mais intensa, podendo durar alguns anos.
Resumidamente, as diferenças entre terrores nocturnos e pesadelos:

Terrores Nocturnos & Pesadelos

A maioria das crianças mais pequenas tem medo de voltar a dormir após um pesadelo, pois há a dificuldade em distinguir entre o sonho e a realidade, mesmo depois de acordarem. Costumo recomendar que quando os pais percebem que a criança verbaliza que sonha ou tem pesadelos e não consegue entender o que se passa, devem começar a explicar que são criações suas, dentro da sua cabeça, onde ela “mistura” informação do dia, algo que viu, algo que pensou. Esta explicação deve ser feita com palavras que a criança entende e de forma ajustada à idade. Pode explicar que o pai e a mãe também sonham e o que costumam fazer quando têm um sonho mau. Recordo-me que a minha filha quando tinha entre os 2 e 3 anos, integrou a minha explicação sobre o que é sonhar e começou a dizer: “Mãe, hoje fiz um sonho!”. Achei piada como ela conseguiu explicar, à sua forma, o que é sonhar!

O conteúdo dos pesadelos difere consoante as idades e reflectem momentos especiais do desenvolvimento. As crianças mais novas preocupam-se muito com a separação dos pais e os pesadelos podem envolver um evento recente e traumático (ex: perder-se; tomar vacinas; ser incomodada por um cão grande…), enquanto as crianças a partir dos 3 anos começam por incorporar monstros ou outras criaturas imaginárias e assustadoras, estimuladas geralmente, por filmes, programas de TV, histórias ou uma experiência do dia-a-dia perturbadora. Os pesadelos podem coincidir com um evento stressante ou traumático e se forem muito frequentes, a criança deve ser avaliada e acompanhada psicologicamente.

O que acontece, no terror nocturno, é uma mudança do ciclo de sono, mais na segunda metade da noite, num estádio que nem é de dormir nem é de acordar e se os pais tentam acordar a criança ou intervir, podem parecer os hipotéticos monstros que perseguiam a criança. Por isso, muitas vezes não fazer nada, assegurando apenas a segurança da criança, é a melhor solução. Outras vezes, utilizar a voz para acalmar, dizendo que está tudo bem, que está ali, não agarrando a criança, pode ser uma boa opção.

Existe uma correlação forte entre privação de sono e aumento de episódios como os terrores e os pesadelos, por isso, ao cuidar da forma como a criança adormece e garantir que dorme as horas que precisa para a sua idade, existe uma diminuição significativa destas situações. O adormecer acompanhada e depois aperceber-se que está sozinha, pode ter muito impacto nestes comportamentos durante o sono. Não se esqueça que precisamos de sentir segurança e controle sobre o que nos rodeia para podermos relaxar e ter um sono tranquilo.

Outro factor que interfere bastante com o aumento destes episódios, é o contacto diário com écrans e, atenção, não é necessário que veja coisas assustadoras ou perturbadoras, basta o excesso de informação e de estimulação. Os estudos indicam que só a partir dos 2 anos, a criança tem uma estrutura cerebral preparada para lidar com o excesso de informação proveniente dos écrans, assim nessa idade só deve estar exposta aos écrans durante poucos minutos e nunca próximo da hora de dormir. Os écrans que são utilizados perto dos olhos ainda têm pior efeito que a TV.
Há que perceber se existe causadores de stress durante o dia que podem estar na causa destes episódios, durante a noite. Na fase das birras é comum as crianças acordarem aos gritos ou estarem a dormir e dizer: “Não, não!”. Além de ser stressante para os pais esta fase das birras, também o é para os mais pequenos. Se souber lidar melhor com a frustração, poderá conseguir diminuir a carga de stress que estas provocam.
É importante saber reconfortar a criança, no caso dos pesadelos, fazendo com que ela perceba que um sonho não é a realidade e que os pais mantenham a calma, assegurando o equilíbrio entre acalmar a criança e não dar atenção excessiva. A conversa sobre os pesadelos deve ser mantida no dia seguinte, bem como ajudar a criança a encontrar estratégias para lidar com eles:
– encontrar um objecto securizante que pode ajudar a confortar;
– conversar sobre se é necessário acender a luz e mantê-la ligada, o que pode aumentar os medos, provocando sombras que podem assustar. Se a criança precisar de acender a luz para ver se está tudo bem, tente manter a regra de ter que desligar para voltar a dormir. Se ansiedade da criança face ao escuro for muito grande, recomendo uma luz de presença de cor vermelha, estrategicamente colocada de forma a não provocar sombras assustadoras.
-encorajar a fazer desenhos sobre os pesadelos, resolvendo-os de forma imaginária.
Acima de tudo os pais têm que estar seguros e passar confiança à criança de que se trata de fenómenos normais do sono, de que não há nada a temer e só se devem preocupar se se tornarem frequentes. Caso seja assim, procure ajuda para o seu filho. Na consulta do sono, ajudo muitas crianças a ultrapassarem situações destas.

Sonhos cor-de-rosa!

Como a meditação pode ajudar o seu filho a dormir melhor

Meditação para Crianças

A meditação é uma técnica de relaxamento que tem ajudado muitas crianças a equilibrarem-se emocionalmente. A meditação interfere diretamente e positivamente nos sentimentos, provocando um estado de calma e harmonia únicos e é um dos métodos mais recomendados para ajudar-nos a adormecer e a tranquilizar a nossa mente.
Já tinha pensado que pode utilizar a prática da meditação para ajudar o seu filho a adormecer mais rapidamente e mais tranquilamente? A boa notícia é que a meditação para crianças pode e deve ser incorporada no ritual para dormir. A meditação pode ajudar as crianças da mesma forma como ajuda os adultos, além de ser uma ferramenta valiosa que pode ser utilizada na escola, como potenciadora da concentração e inteligência emocional, como em casa, promovendo o relaxamento, paz interior, aumento da auto-estima e auto-confiança. Quando praticada com os pais, permite haver um momento de conexão e interacção emocional, desencadeando um momento de partilha de sensações tranquilizadoras e relaxantes.

Para partilhar convosco os benefícios da meditação relativamente ao sono, decidi convidar para escrever comigo este artigo, a educadora e professora de meditação para crianças, Susana Guerreiro, que tem feito um trabalho extraordinário de divulgação, formação e directamente com as crianças, nesta área fascinante que é a meditação. Segundo a Susana, a meditação é uma ferramenta inigualável para ajudar a criança a adormecer de forma tranquila, relaxando todo o seu corpo, mente e tranquilizando as emoções. Com este apoio a criança tem a oportunidade de adormecer de forma natural, num ambiente harmonioso.
A meditação como ritual antes de adormecer pode ser introduzida a partir dos 3 anos, mas terá que ajustar as suas expectativas consoante a idade da criança e o seu temperamento. Uma criança de 3 anos não conseguirá estar poucos minutos a fazer uma meditação guiada, mas pode aprender a fazer exercícios de respiração.

Aqui vos deixamos algumas recomendações para que comece a introduzir esta técnica maravilhosa na vida do seu filho:
– É importante que a criança não esteja demasiado cansada quando decide introduzir a meditação, se for esse o caso, deixe para o dia seguinte e tente que este momento não aconteça quando a criança já não tem capacidade para o fazer.
– Depois de escovar os dentes, vestir o pijama e precisamente antes de ir para a cama, é um bom momento para praticar a meditação;
– Use a meditação como um momento para conectar-se com o seu filho, pois vai permitir que ambos usufruam dos mesmos sentimentos juntos, como a calma, o relaxamento, ao mesmo tempo;
– Comece por exercícios breves de respiração, dois exemplos: inspirar profundamente e ao expirar fazer algum som de um animal (inspirar e bzzzzzzzzz (como a abelha) ou ronronron como o gato) ou “cheirar a flor” e de seguida “apagar a vela”. Pode pedir para que a criança coloque a mão na sua barriga e sinta que quando inspira, a barriga abaixa e quando expira fica mais saliente;
– Pode utilizar músicas relaxantes que ajudem a tranquilizar ou para crianças maiores pode utilizar meditações guiadas em áudio que não devem durar mais que 5 minutos;
– Uma forma básica de introduzir a meditação é através da Relaxação Muscular Progressiva que funciona da seguinte forma: a criança deita-se na sua cama, fecha os olhos e a mãe ou o pai diz: “agora concentra-se nos teus dedos dos pés, se os sentes, podes mexê-los e vão caminhando assim ao longo do corpo“. Posteriormente pode-se introduzir a contracção de cada zona do corpo e relaxar de seguida.
– Procure livros que o ajudem a introduzir a meditação com o seu filho, a nossa sugestão é o livro: 52 Meditações para Crianças, da Susana Guerreiro que teve a amabilidade de vos deixar aqui um exemplo de uma meditação, retirada do seu livro:

Meditação – Sentir calma

“Deita-te de barriga para cima num sítio onde fiques confortável.
Repara se o teu corpo está todo direitinho.
Coloca as mãos junto à anca, no chão, e vira as palmas para cima.
Fecha os olhos.
Relaxa os pés, as pernas, a barriga e o peito, os braços e as mãos, o pescoço e a cabeça.
Respira fundo 3 vezes. 1…2…3.
Vês uma luz azul descer do céu e entrar dentro do teu corpo.
A luz entra pela cabeça, desce para o pescoço, para os braços e mãos, peito, barriga, pernas e pés.
Tens o corpo cheio de luz azul e sentes-te muito calmo.
Agora vês uma pena branca.
A pena balouça-te no ar. Sentes-te muito calmo e relaxado.
Balouças muito devagar.
Sentes o teu corpo ficar cada vez mais mole.
O teu coração fica calminho.
Respira fundo.
Vais continuar com esse sentimento de calma dentro de ti.”
Descansas tranquilo na tua caminha.

Por fim, gostaríamos de dizer que não se devem preocupar se o vosso filho não cooperar imediatamente com a introdução da meditação, nesta situação, deve estimular todas as noites para que seja possível, mas ao ritmo da criança.

Boas meditações e bons soninhos!

Para mais informações:
meditacaoparacriancas@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaoparacriancas/

“Mãe, não gosto de dormir!” – Como ajudar o seu filho a gostar de dormir?

Não gosto de dormir!

Pedro diz: “Tenho muito que fazer
Não quero ir prà cama cedo
Não consigo adormecer (…)
Inês diz: “Não vou para a cama, não
Quero brincar, correr e rir
Quero tomar o meu biberão
E hoje não quero dormir
Avó diz: Não vale a pena zangar
À hora de adormecer
Dormir bem e acalmar
Também se pode aprender.

–  Excerto do livro: “Dormir é bom, dormir faz bem” de Teresa Paiva e Helena Pinto

Muitos pais lidam diariamente com a resistência em ir dormir dos seus filhos, principalmente a partir dos 2 anos de idade, em que a brincadeira se torna a actividade central e mais apetecível da vida dos mais pequenos. A tendência das crianças, face ao sono, é em só ver o lado menos positivo: deixar de brincar, estar parado, estar em silêncio, no escuro e estar separado dos pais. Ninguém gosta de algo que nos é imposto ou para o qual não estamos preparados e com o tempo começamos a criar aversão, pois não houve a possibilidade de criar uma boa relação com o sono. Para que não seja forçado, o momento de dormir tem que ser guiado, mas natural e relaxante! Por isso, não basta dizer: “está na hora de ir para a cama”. A hora de ir dormir é um momento que tem que ser preparado e estimulado para que corra bem.

Existem vários factores que provocam dificuldade em gostar de dormir na infância. Os principais são:

  • Dificuldade em acalmar, relaxar o corpo para dormir;
  • Inexistência de rituais relaxantes e que preparem para ir dormir;
  • Iniciar o ritual de ir para a cama demasiado tarde, quando o estado de cansaço provoca mais agitação;
    um ambiente inadequado para o sono;
  • Maus hábitos familiares (por vezes, os próprios pais desvalorizam o sono);
  • Demasiado contacto com écrans à noite que estimulam a manterem-se acordados e inibe a activação da melatonina (hormona do sono);
  • Não compreender que o sono é essencial para poder brincar no dia seguinte, poder aprender, ser saudável, bem como para crescer (hormona do crescimento está activa durante o sono) e que pode ser bem interessante, como por exemplo, sonhar é uma das actividades mais fascinantes do nosso corpo.

Na maior parte dos casos em que as crianças dizem que não gostam de dormir, significa muito mais do que isso ou não tem esse significado taxativo. Pode significar “não sei como acalmar para dormir“, “não quero deixar de brincar“, “não quero estar separado de ti”

As crianças são peritas em estudar o comportamento dos pais e desencadear conflitos à hora de dormir. Uma boa maneira de obter atenção reforçada, é testar a vulnerabilidade dos pais, para lá dos miminhos extra, histórias, mais um xixi… Em muitas famílias, são as crianças quem estabelecem a rotina da noite – passado um tempo são elas que determinam as horas de dormir dos pais e não o contrário. Com frequência, a resistência em ir dormir ou o “não gosto de dormir” tem a ver com a sensação de “fome de pais”. Muitas famílias chegam a casa tarde, cansados e com tarefas para fazer. Depois há elementos intrusivos, como a televisão, os telemóveis e os computadores. A hora de deitar provoca tensão nas crianças (e em muitos pais) por causa da separação que acarreta.

Para além da “fome de pais”, como já referi, o não haver um ritual propício (a uma hora adequada) nem um ambiente propício ao sono, pode desencadear um sentimento de aversão da hora de dormir, o que costuma acabar em conflito com os pais, uma batalha diária de medir forças, pois a criança não foi preparada para aquele momento. Agora dizem-me vocês: “mas cá em casa há um ritual, vamos ler histórias e mesmo assim, ele não quer dormir!” Há vários pormenores que temos que ter em conta na criação deste ritual e deste ambiente propício ao sono que irá permitir que a criança goste de dormir, os mais importantes são:

  • Fazer com que a criança sinta algum controle sob o ritual, pois apesar de serem os pais a estabelecer as regras sobre o que pode acontecer neste ritual e o que não pode acontecer, as crianças devem ter opções de escolha e é a criança que escolhe dentro dessas opções. Podem criar a “caixa do ritual de dormir, onde se podem colocar todas as actividades que se podem fazer antes de dormir como: livros para ler apropriados a essa hora (é bom ler sobre a importância do sono), livros para colorir, um jogo de mikado, puzzles… Devem ser actividades que obriguem a haver menos actividade, mais concentração e interacção com os pais;
  • Quando um ritual é alterado ou aparecem pessoas que a criança não esperava nesse momento ou que o estimulam, a resistência para ir para a cama será maior;
  • Estabelecer a duração do ritual e hora de dormir, utilizando um alarme simpático que toca para começar o ritual e volta a tocar na hora de ir para a cama;
  • Acabe com o tempo de écrans (Tv, tablets, telemóvel) 1 hora antes da hora de deitar dos mais pequenos, esta regra deve ser respeitada por toda a família! (Os pais sempre podem voltar a ligar a Tv, depois dos filhotes estarem a dormir);
  • Diminua as luzes enquanto decore o ritual e apague as luzes quando forem para a cama, pois a luz não ajuda a “desligar” e adormecer;
  • A partir dos 3 anos, pode introduzir pequenas meditações antes de dormir (escreverei um post em breve sobre isto) que ajudam a relaxar e a “chamar” o sono;
  • Seja firme, são os pais que devem guiar o momento antes de dormir e não totalmente o contrário, pois ao invés do que se costuma pensar, as crianças podem protestar com a imposição de limites/regras, mas sentem-se mais tranquilas quando há alguém que estabelece os limites.

Não se esqueça, também, que “não gostar de dormir” pode ter muito a ver com a sensação de perder o controle sobre o mundo, pois é um pouco disso que acontece quando dormimos. Se a criança sentir que há um ambiente calmo, tranquilo, sem surpresas, repetitivo e que até é bom “desligar” do mundo, com certeza irá gostar mais de dormir. Transmitir a importância do sono na vida da criança e para o seu desenvolvimento, ajudará a ensinar a gostar de dormir, além de ser essencial dar o exemplo.

Bons soninhos para toda a família!

Guardar

Voltar à escola – 8 passos para um sono descansado

Durante as férias do Verão, são muitos os pais que me contactam com mensagens do género: “Estava a correr tão bem, a dormir tão bem e fomos de férias 15 dias e agora já não adormece bem e acorda durante a noite. O que se passa? O que fazemos?”.

As férias são óptimas para fugirmos à rotina do dia-a-dia.  Podermos viver “sem horários” e ao sabor do que nos apetece é bom, mas por vezes, principalmente para as crianças mais pequenas, a mudança de rotinas, o não dormir o suficiente, não fazer a sesta ou fazer a sesta fora de casa, ir para a cama tarde e acordar tarde, pode facilmente destruir os bons hábitos de sono e provocar uma desregulação. O nosso sono pode descontrolar rapidamente e, precisa de algum tempo para voltar a se adaptar às rotinas necessárias, para voltarmos ao trabalho e as crianças à escola. Assim, não é surpreendente que quando as crianças voltam para a escola, haja resistência em voltar a deitar cedo e acordar mais cedo.

Deixo-vos 8 sugestões para vos ajudar na transição das férias para o início do ano lectivo, para que haja uma entrada na escola mais saudável e sem stress!

1. Fazer do sono uma prioridade e explicar a sua importância aos mais pequenos:
Quando se explica de forma consistente a importância de alguma coisa às crianças, elas desenvolvem uma maior compreensão  e cooperação na mudança de maus hábitos. Em vez de apenas dizer ao seu filho para ir para a cama, tente explicar o porquê. Utilize perguntas: “Como te sentes quando dormes bem?”, “O que sentes quando te deitas tarde e tens que te levantar cedo?”. Explique ao seu filho o quão contente fica quando pode passar um momento tranquilo com ele antes que ele vá para a cama e como os pais ficam satisfeitos de o ver descansado, não impertinente e agitado. Converse sobre a importância de se preparar para voltar à escola, colocando o sono como uma prioridade na sua casa, ajudando a criar uma relação saudável com sono desde a infância.

2. Compreender quanto tempo, o seu filho, precisa de dormir:
De forma a que os pais ajudem os seus filhos a dormir o que precisam, segundo a sua idade, o “National Sleep Foundation”, recomenda novas directrizes:

  • Pré-escolar (3 a 5 anos) – 10 a 13 horas por noite, hora de deitar máximo 21h (horário adaptado à realidade portuguesa);
  • Crianças em idade escolar (6 a 13 anos) – 9 a 11 horas por noite, hora de deitar máximo 21h30/22h (horário adaptado à realidade portuguesa);
  • Adolescentes (14 a 17 anos) – 8 a 10 horas por noite, hora de deitar máximo 22h/22h30 (horário adaptado à realidade portuguesa).

3. Dê o exemplo:
Em tempo de férias, muitas vezes, até o sono dos adultos é negligenciado a par do das crianças. Assim, é importante também fazer mudanças nos seus horários de sono para que possa regressar descansado ao trabalho e manter a boa energia. Se as crianças repararem que os pais também alteram os seus horários de sono para se preparem para o regresso ao trabalho, deitando-se mais cedo, vai ser mais fácil que queiram fazer o mesmo.

4. Ajude o relógio biológico do seu filho a ganhar regularidade:
Se as crianças forem para a cama a horas adequadas e sempre por volta da mesma hora, é possível que o relógio biológico se equilibre e ajude a adormecer mais facilmente, ao contrário do que acontece com horários desregulados. Pelo menos 2 semanas antes de iniciar o ano lectivo, mantenha a hora de deitar adequada, deitando à mesma hora e acordando à mesma hora do tempo de escola. Mesmo no fim-de-semana, tente que os horários não se afastem muito da hora habitual de deitar e acordar durante a semana.

5. Manter um ritual diário de ir para a cama:
No Verão, é usual não ser possível manter um ritual de ir para a cama porque, muitas vezes, as crianças adormecem no carro a caminho de casa, na rua e são deitados já a dormir. “Saltar” o ritual de preparação para ir para a cama – que deve ser rotineiro – aumenta a probabilidade de despertares nocturnos e desorientação nocturna: “Afinal já estou na minha cama?”; “O que é que aconteceu?”. Após este período de férias, é importante implementar um ritual diário antes de ir para a cama, um momento relaxante. Este ritual não só prepara a criança para dormir, mas também permite haver um momento em família (sem interrupções nem distracções), em que se conversa sobre o dia e se relaxa para dormir. Uma sugestão para crianças a partir dos 6 anos: colorir antes de dormir com o seu filho. Já conhece os livros para colorir com mandalas? São uma boa opção.

6. Desligar a tecnologia:
Uma hora antes de dormir, é tempo de terminar actividades estimulantes, como TV, jogos de computador, Internet… O contacto com écrans perto da hora de dormir provoca dificuldade, para as crianças (e para os pais!), de “desligar” antes de ir para a cama e pode provocar problemas de sono. Mantenha a tecnologia fora do quarto de dormir.

7. Evite oferecer alimentos com cafeína aos seus filhos, principalmente antes de dormir:
Os alimentos com cafeína como a Coca-Cola, o Ice-Tea e leite com chocolate não facilitam o sono.

8. Procure manter os bons hábitos de sono ao longo do ano:
Depois do TPC, desporto, actividades e estar com os pais, é difícil haver tempo para deitar cedo. Deixo aqui algumas ideias que permitem que durante o ano lectivo, as crianças se mantenham descansadas e sem excesso de actividades:

  • Planear o mínimo de actividades extra-curriculares e os horários das actividades, de forma a que não prejudiquem o tempo de descanso e tempo com a família;
  • Esteja atento aos sinais de cansaço e de sobreestimulação;
  • É bom ter, pelo menos, um dia por semana para a criança apenas brincar e fazer o que lhe apetece!

Bons soninhos!

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A importância do sono diurno: “I Believe in naps!” – Parte I

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Ao longo da minha experiência de trabalho com famílias sobre o sono dos mais pequenos, deparo-me muitas vezes, com ideias de desvalorização acerca do sono diurno. Há pais que chegam a pedir nas creches/infantários que não deixem que os filhos durmam a sesta para ver se dormem melhor à noite. Por outro lado, nas creches nem sempre há a informação correcta sobre as necessidades de sono dos bebés, pois por vezes, deparo-me com situações de bebés que não são deitados para dormir uma sesta durante a manhã, apenas sendo colocados para dormir num ambiente propício, após a hora do almoço, quando a sesta durante a manhã deve existir até cerca de um ano de idade, principalmente se o bebé acorda cedo. Estas ideias não poderiam estar mais erradas e vou passar a explicar porquê.

As sestas são especialmente importantes para um sono saudável na infância, além de serem essenciais, quando o tempo de sono diurno é adequado à idade, para um bom sono nocturno. “Sono traz mais sono”, ou seja, se a criança dormir e descansar aquilo que precisa durante o dia, mais facilmente adormecerá de forma mais tranquila à noite e mais facilmente terá um sono sem interrupções durante a noite. Eu costumo explicar aos pais que o sono diurno, pelo menos até aos 4 anos, é como se constituísse os pilares da casa do sono, se esses pilares forem débeis, teremos um mau sono nocturno. Desta forma, o sono da sesta ou das sestas é tão importante como o sono da noite, no que toca ao descanso corporal e, também, à actividade cerebral, intelectual e emocional, além de oferecer ao bebé e à criança uma pausa nos estímulos, permitindo-lhes recarregar baterias para continuarem a apreender o mundo da melhor forma.

Há muitos pais mesmo sem saberem como o sono diurno pode afectar o sono nocturno, que se preocupam em colocar os bebés/crianças a dormirem durante o dia, pois reparam que se estiverem muito tempo acordados, vão ficando cada vez mais impertinentes, chorosos e difíceis de acalmar. Há sempre excepções, em que os pais relatam que têm bebés  bem dispostos, mesmo quando o seu sono diurno é deficitário. Contudo, da minha experiência este estado de boa disposição normalmente não dura muitos meses, pois é como se o cansaço se fosse acumulando e, principalmente quando surge uma novidade no desenvolvimento da criança que exige mais dispêndio de energia, este estado de “bebé tranquilo” bem como o sono nocturno, provavelmente se alterará.

Outro facto que também é importante referir, é que não podemos avaliar a necessidade de sono dos bebés e crianças pelo seu comportamento de resistência para dormir ou estado de vigília, ou seja, nem sempre uma criança cansada pede para dormir ou cai para o lado de sono, muitas vezes até parecem super despertos e excitados  e, afinal estão é muito cansados. Este estado de excitação confunde os pais se realmente a criança precisa de dormir, por isso costumam dizer: “parece que nunca está cansado”. Se o bebé não é guiado para dormir no momento certo, pode-se manter desperto e ultrapassar o estado de cansaço, chegando rapidamente ao estado de exaustão. No estado de exaustão, ao contrário do que era expectável, os bebés não aceitam bem que sejam colocados para dormir, pois estão já tão agitados e superestimulados que têm dificuldade em se acalmar, em relaxar para conseguir adormecer.

Depois de uma boa sesta, as crianças estarão melhor dispostas para interagir e os pais, após termos cuidado do sono diurno, costumam referir que a criança parece outra, muito mais calma e sorridente. Por isso, vale a pena ensinar a dormir melhor durante o dia, os ganhos são imensos.

Nos próximos posts, vou falar-vos sobre como gerir as sestas consoante a idade (número de sestas, tempo de duração,  janelas de oportunidade para adormecer tranquilamente); qual o melhor ambiente para dormir a sesta; como orientar para dormir melhor a sesta e quando a sesta deixa de ser necessária.

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“O meu filho parece um relógio suíço, acorda sempre à mesma hora!” – A influência do relógio biológico no sono

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O sono é uma das funções do corpo humano que é regulada por um relógio biológico que, segundo os cientistas, é constituído por dois grupos de células que se encontram no centro do cérebro. Este relógio biológico é definido de acordo com o conjunto de pistas derivadas do ambiente, especialmente pelos períodos de luz e escuro e envolve o ciclo de sono e vigília, actividade digestiva, produção de hormonas, regulação térmica e diversos outros processos que se repetem diariamente. O período de tais ciclos dura cerca de 24 horas e, cada um dos processos atrelados ao citado relógio biológico, repete-se diariamente. Apesar dos ritmos circadianos serem inatos, levam tempo a se desenvolverem. É por isso que os recém-nascidos têm ciclos de sono/vigília inconstantes e que, essencialmente são regulados, pelo sentimento de fome ou satisfação (saciedade). Por volta das 4 a 6 semanas de vida, o ciclo circadiano começa a desenvolver-se, iniciando-se com a regulação hormonal (hormona do crescimento e a melatonina) e, pelas 8 a 12 semanas, um bebé é capaz de dormir por períodos mais longos, pois já é possível a consolidação e maior regulação dos ritmos de sono. Por vezes, os bebés precisam de ajuda para regular os seus ritmos de sono, o que é possível, guiando o bebé para rotinas/horários mais estáveis e criando ambientes distintos entre o dia e a noite, além disso a exposição solar durante o dia, vai ajudar a criar ritmos mais constantes e a manter o bebé mais desperto durante o dia e a dormir por períodos mais longos durante a noite.

O relógio biológico tem tanto impacto na qualidade do sono que, quando não existem horários consistentes para dormir e acordar, a probabilidade de existirem problemas de sono é maior. Um exemplo da existência de necessidade de constância nos horários de dormir e acordar, é que quando acordamos durante a semana de trabalho à mesma hora, a nossa tendência é acordar à mesma hora no fim-de-semana, mesmo que possamos dormir até mais tarde. O relógio biológico cria marcas através da constância, permitindo adormecer mais facilmente à mesma hora e acordar à mesma hora. A inconsistência nos horários de sono tem impacto no desenvolvimento cognitivo das crianças, provocando um ritmo circadiano disruptivo, privação de sono e efeitos na plasticidade do cérebro (capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e dos factores do meio ambiente). Desta forma, é muito mais fácil que uma criança adormeça tranquila se for deitada, todos os dias, por volta da mesma hora (hora adequada à sua idade) e ao adormecer mais tranquila e não muito cansada, mais facilmente conseguirá prolongar o sono nocturno sem ter despertares.

Em muitos casos de problemas de sono na infância, existem situações anteriores como acordar com fome, com frio, com sede, porque tem um “sonho mau”, uma dor, ou outra razão que ficam marcados no relógio biológico, mesmo quando já não existe fome, nem frio ou dores. Isto costuma acontecer se os despertares, mesmo quando não existe desconforto da criança, forem marcados (o que exige repetição) pela intervenção dos pais (a presença dos pais, o leitinho quente, as festinhas e os beijinhos, o colo, as canções e outros rituais para embalar), de forma que o despertador biológico fica programado para essas horas. Exemplo típico destas situações, é o acordar para comer durante a noite, mesmo quando a alimentação já foi reforçada durante o dia e quando já não existe uma necessidade fisiológica. Se os pais continuarem a responder com comida aos despertares dos filhos, os despertares vão-se manter, quase cronometrados por um “relógio suíço”. Para ser possível, apagar estas marcas, estes despertares do relógio biológico da criança, é necessário os pais deixarem de responder de forma tão interventiva, diminuindo progressivamente a sua intervenção, dando sinal à criança que ela própria pode aprender a resolver estes despertares sem tanta ajuda dos pais. Mas atenção, tal não implica deixar de intervir radicalmente, como deixar chorar sem intervir. É possível guiar a criança a sentir confiança em si própria e nas suas capacidades de resolução dos despertares, de forma suave e nunca se sentindo abandonada.

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Dormir mal na infância é normal?

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Muitos pais questionam-me se este ou aquele problema de sono são normais na infância. Eu prefiro responder se é ou não comum existir determinada situação, pois dizer que é normal implica haver a possibilidade de se pensar que se deve aceitar o problema e esperar que se resolva por si só, nem que isso obrigue a esperar anos e que chegue a afectar gravemente a relação com o sono, tendo consequências prolongadas no tempo. Por isso, tal como o nascimento dos dentes é comum acontecer em determinada idade, não quer dizer que não tentemos amenizar todo o desconforto que pode provocar e, infelizmente, ao contrário do nascimento dos dentes, os problemas de sono não se restringem a poucos dias.

Os problemas de sono na infância são uma das maiores preocupações dos pais e cuidadores e, ainda hoje, existem respostas contrárias ou vagas a estes problemas. Os pais sentem-se perdidos, desesperados, desamparados, pouco ouvidos e sem respostas quando a privação de sono afecta drasticamente toda a família e o seu funcionamento emocional e físico. É comum ouvir-se: “é normal, espere que cresça”.

As informações que circulam no meio social sobre o sono orientam-se, muitas vezes, no sentido da desvalorização. O sono ainda é visto como uma perda de tempo ou algo que se pode compensar mais tarde. Esta ideia é grave quando as investigações recentes apontam que as crianças que sofrem de privação de sono apresentam mais problemas de comportamento, tais como hiperactividade, défice de atenção, depressão, ansiedade e problemas de saúde, como obesidade, maior risco de hipertensão e diabetes. Existe uma ideia errada que temos que aceitar e nos resignar quando as nossas crianças, nos seus primeiros anos de vida, dormem mal, têm dificuldade em adormecer e acordam muitas vezes durante a noite. Será mesmo assim? Será mesmo que terá que esperar anos para conseguir que o seu filho(a) durma a noite inteira? A minha resposta é não! Há muitas coisas que pode fazer hoje, para melhorar a relação do seu filho com o sono. É importante e possível começar a desenvolver bons hábitos de sono logo nos primeiros tempos de vida de um bebé, o que vai permitir que este vá dormindo, progressivamente, mais horas seguidas durante a noite e que durma as horas diárias necessárias à sua idade. Uma alimentação diária adequada tem, também, um papel muito importante nas horas de sono nocturnas. Um bebé que se alimenta bem durante o dia, não precisará de se alimentar tanto durante a noite. Contudo, nem sempre o acordar durante a noite está relacionado com a alimentação. Muitas vezes, surge a questão: será que o meu bebé acorda durante a noite porque tem fome? Será sempre a fome, o motivo dos despertares?

Os pais necessitam de respostas congruentes, baseadas em investigação científica recente, além de um suporte emocional quando estão exaustos e desesperados. Sabemos hoje que os problemas de sono na infância dependem muito do comportamento de cada um de nós, por isso, considera-se a higiene do sono (bons hábitos) como determinante para solucionar muitos dos problemas de sono que não têm causa fisiológica. É de extrema importância que os pais saibam o que é esperado ou típico para a idade de cada criança e estado de desenvolvimento, de forma a saberem responder aos filhos da maneira mais adequada.

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A minha cama é boa!

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O seu bebé gosta do seu berço? Ou chora desconsoladamente sempre que o deita nele?
Imagine que uma noite acorda num sítio que para si não tem um bom significado, como se sentiria? Com certeza, assustado e cheio de vontade de fugir dali. Acontece o mesmo com os nossos bebés, daí que quanto mais familiar for o seu berço, melhor se sentirá nele.
Apesar de muitas vezes o bebé não considerar que o seu berço é um lugar confortável e seguro, é possível guiá-lo para que ele se sinta bem lá e que passe a gostar da sua caminha.

O que podemos fazer quando o bebé associou o berço a um lugar mau, de forma a que passe a considerá-lo familiar e seguro?

Experimente as seguintes estratégias:
– proporcionar-lhe algum tempo do dia no berço, fora das horas habituais de dormir, desenvolvendo alguma actividade, tal como fazer-lhe festinhas, cantar, ler-lhe uma história, fazer-lhe uma massagem e brincar;
– quando sentir que o seu bebé já se sente mais tranquilo e confiante no berço, dê-lhe um objecto que ele goste ou ligue um móbil, mas não participe na brincadeira, fique apenas a observar, sentada (o) numa cadeira ao pé do berço;
– quando o bebé já for capaz de estar tranquilo no berço, sem que interaja constantemente com ele, comece a deitar o bebé sonolento e não a dormir no berço, de forma a que parte do relaxamento do adormecer aconteça já no berço e para que ele reconheça aquele sítio como a última memória que tem de estar acordado, permitindo que não acorde assustado. Numa primeira fase, o bebé poderá precisar de muita ajuda para adormecer no berço e poder-se-á alternar colo com o deitar no berço, até que o bebé perceba que ,também, é capaz adormecer na cama.

Estes passos farão com que o bebé sinta que estar sozinho no seu berço pode ser agradável, ajudando-o a criar autonomia na hora de adormecer e acalmar-se sempre que acordar durante a noite.

Alerto que em determinados casos, como em situações que o bebé foi deixado a chorar no berço por longos períodos ou em que nunca esteve acostumado a dormir no berço, será necessário desenvolver estratégias mais complexas, para que o bebé consiga “apagar” as memórias antigas e substituí-las por sensações de segurança/conforto quando está no seu berço.

 

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